MARÇO/2013
Acesa a noite num estranho acorde de espanto
Fez-se um sombreado ali formando um manto
Onde a penumbra e a luz ávidas se encontram
E docemente e amorosamente se enlaçam
No jardim papoulas assombradas
Vertem sangue no topo das corolas
E banham de repentes as calçadas
O orvalho aquieta as rosas belas
E o jasmim excitado e muito branco
Exala forte um aroma adocicado
Do outro lado entoa o grilo um cântico metálico
Chamando em desespero a companheira
Um abrupto desejo esvoaça bem cortante
E acaricia a face atemporal dessa noite irreal
De repente na indecisão da meia-luz
Brilham os fachos acastanhados dos teus olhos
Num aceno quase imperceptível vejo-te daqui
Observo e contemplo das tuas mãos suplicantes
Uma vontade de ficar mas tendo que ir antes
Cala a ânsia e escondes aquela doce ilusão
Naquela noite inexplicável desmedida e emudecida
Resta somente apenas um colossal silêncio
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